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5 de outubro de 2012

Texto do leitor: O reflexo do Eu.


Quando vejo meu reflexo no espelho, procuro me esquecer por um breve momento que àquela sou eu, e me pergunto o que o rosto desta estranha me transmite.
Em meio à uma luta entre tudo o que sei de mim e uma tentiva de esquecê-lo, busco no rosto dela apenas o que aparenta ser. Decerto, dou asas à minha imaginação, que, devo avisar de antemão, é além de sagaz, audaciosa.
E eu vejo uma sutil doçura emanar dela, embora oculta detrás de um olhar boçal, ou talvez simplesmente desafiador. Ela dá ares de alguém que esconde sua fragilidade, ingenuidade, até mesmo sua beleza; só alguém de olhar atento, aguçado o bastante para notar meras ilusões, poderia enxergar isto.
Sempre há um sorriso contido em seus lábios, me pergunto se será a sua alma cândida, pueril, a rir-se do mundo em que vive, da sua realidade — ora, certamente é, afirma minha audaz amiga narradora —, e  grita um segredo mundialmente conhecido, mas só crido por ela, que é alma e pura "é bela, tão bela a vida", como se tudo não passasse de uma brincadeira infantil, uma piada boba. Mas, — sempre há um 'mas' que estraga a perfeição!— a sua mente se recusa a lhe dar ouvidos. Sim, este é o nexo entre o terceiro parágrafo até aqui; é esta mistura que não deveria existir; é esta briga entre seres opostos.
Esta segunda 'ela' — a chamo assim pois minha imaginação se recusa a dar nome a sua personagem, se é que é uma invenção — enxerga pelo olhar dos pessimistas, afirmando sempre que procura o realismo quando, na verdade, está à procura de uma armadura de gelo que esconda o seu medo.
'Ela' segue assim seu rumo, desafia todos e a si mesma, fingindo que possui controle pleno, sorri como se fosse o ser mais feliz do mundo... e mente, se ilude. E destrói a candura de sua alma pois, de tanto se trancar dentro de si mesma, morreu sufocada.

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