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6 de novembro de 2012

Contando uma canção: E irá continuar há chover.


Ontem, foi a ultima vez que eu te vi, não sei ao certo quando aquela cena vai se repetir ou quando os meus sonhos irão se concretizar, só sei que nunca imaginei que passaria por aquilo novamente. Fazia um tempo já que não sabia a sensação de sentir-se sozinha, desprotegida e sem ninguém para te amar! Sabe...não sei se serei capaz de conseguir seguir em frente diante disso tudo que eu estou passando sozinha, já tentei e procurei meios certos para mim voltar a ser alguém, ou aquele alguém que eu era antes, mas imagino que sem a sua presença isso acabe se tornando praticamente impossível. Tentei disfarçar ontem quando cheguei em casa, meus olhos estavam intensamente vermelhos, uma olheira que fazia dias que eu não tinha, um cinismo impossível de não notar e um sorriso que não era meu. 

 Não posso colocar a culpa em você diante do que houve, mas sim em mim, de ter perdido a oportunidade de te ter por perto de mim ao menos naquele instante. Lembro-me como se fosse agora, nesse instante, sinto ainda seus dedos correrem pela minha pele, que por sua vez arrepiou-se, como de um felino. Meus lábios tremiam, meus olhos brilhavam como as estrelas, e de longe era possível reconhecer tamanha felicidade que estava me completando. 

Havíamos saído aquele dia, andado boa parte do caminho juntos, rindo feito bobo, zoando um ao outro como se nos conhecêssemos há anos. A principio estranhei a sua atitude de me abraçar daquela forma, meu olhar procurou seu rosto tímido, embora fosse uma ótima atitude, também não seria capaz de esquecer. Ficamos colados por um longo tempo até chegarmos ao ponto final, dali seguimos rumo a minha casa, por mais que sua teimosia fosse tanta, de querer desejar-me a querer algo, o meu maior desejo estava ali, e eu deixei passar por um simples..não.

Já em casa, te deixei sentado próximo a mim, continuamos rindo, brincando um com o outro e esperando a hora certa de estarmos sozinhos mais uma vez, o que não demorou. Lá fora chovia intensamente, meus lábios não paravam de curvar-se num sorriso que era verdadeiro, cheio de felicidades ultrapassadas, naquela hora eu fui capaz de esquecer tudo, até de quem eu era. Percebi a forma com que olhava para os lados, ria sem ter piada, sem conter-me acabei dizendo: 

- O que esta havendo? Se estiver rindo de mim, fique a vontade em falar...ou qualquer outra coisa, é melhor falar..!! - Disse olhando-o serio, enquanto ele ainda ria, e dizia baixinho: 
- Não é nada..- Ele desviou o olhar antes de sorrir mais uma vez para mim, até então, senti mais uma aproximidade do meu corpo, fazendo-me olhar de lado. Seus dedos percorreram a minha coxa brevemente, sendo o suficiente para mim procurar ar e até mesmo onde me apoiar. 
- Fica comigo..? - Demonstrei surpresa, mas..como aquilo? De repente o medo e a vergonha tomaram do meu corpo, afastando toda aquela sensação boa e me deixando desprevenida, completamente nua diante daquela situação. 
- Sim..- Você disse sim? Isso mesmo? Minha vontade era de me erguer e partir dali, mas deus, era tudo o que eu mais queria, por favor..ajude-me.. 
- Vem cá...- Pude ver ele se apoiando a cadeira de forma desleixada, seus olhos brilhavam, de alguma forma naquele momento pude sentir melhor tudo, o cheiro dele misturado com a chuva que caia lá fora, sentia minhas pernas bambas como de uma vara, meus lábios secos e uma vontade incrível de gritar. Mas resisti...não sabia se era certo ou não, mas...acabei me entregando. 

Meu corpo se ergueu rápido dali, acabei me inclinando rapidamente e encaixando uma de minhas pernas entre as suas, minhas mãos procuraram sua face e delicadamente, pude acariciá-la, seguindo dali até sua nuca onde esfreguei as minhas unhas. Meus lábios foram sozinhos, como ímã a procura de sua parte..encaixando sozinho, nossos lábios pareciam ter um encaixe perfeito, tão colado o bastante para poder ouvir o estalo de longe do que acontecia ali. Suas mãos pareciam mais firmes, coladas ao meu corpo, que fazia questão de se aproximar, de encostar, de domar, como um animal. Durou tantos minutos aquilo nunca pôde imaginar estar fazendo isso...se era certo ou não...só sei que aproveitei muito bem. Até perceber, que tudo isso não passava de um sonho, que nosso beijo infelizmente não aconteceu, que o seu toque fora a ser reprimido pelo meu medo, embora vontade não me faltasse. 

Sei o quanto é sentir-se indesejado, a arte de atrair as pessoas às vezes acaba sendo uma artimanha, uma armadilha impossível de escapar. Talvez sua mãe nem goste tanto de mim, sua irmã deve me odiar, seu pai...nem sabe da minha existência, até então! Minha mãe gosta muito de você, minha avó acha que você é da família, já dizia ela que iríamos ficar juntos, mas não aconteceu...só queria, poder voltar para trás, e reviver aquela cena, e fazer o que deixei de fazer, sem me importar com a resposta ou atitude..só queria te ter por um minuto. 

Ou então, da próxima vez, gostaria de ser...avisada, que o tempo não vai parar ou voltar para mim, e que a partir de agora, onde mais chove..é nos meus olhos, que teimam em soltar lágrimas contidas, até quando vai ser assim? Enquanto nada voltar ao normal...vou continuar a chorar...e querendo você comigo, cada dia mais.
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