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9 de fevereiro de 2013

Esqueci de esquecer há amar.


Engraçado seria se eu tivesse a mesma capacidade de entrar em lugares que a gente freqüentava, e perguntarem por onde anda aquele garoto que você andava? Não saberia ao certo que resposta dar mais eu tentaria agir normalmente, poderia dizer que você viajou, mudou de cidade ou simplesmente..morreu. Por mais cruel que fosse meu coração aceitaria isso e eu riria da situação ao ver a cara das pessoas, imaginando e doidas para dizerem o quanto sou louca. 

Naquela manhã eu havia saído da biblioteca disposta a te esquecer, com quatro livros grossos com aparência de bíblia entre os dedos eu fui em busca de um lugar calmo que eu pudesse respirar e deixar as coisas fluírem, a partir daquele momento eu sabia que não te pertencia mais, o som da porta se abrindo, a sineta vintage tocando, e rapidamente os donos do recanto apareceram, tentando não perder mais um cliente. As minhas expectativas eram que desse tudo certo, me direcionaram uma mesa próxima a janela onde me dava à visão necessária para quem passava ao lado de fora. Embora sozinha em uma cafeteria, procurei distrair minha mente com as páginas amarelas do meu livro, passei os dedos por diversa delas e nenhuma foi capaz de me prender. 

Havia pedido um cappuccino, bem doce de preferência e um bolinho de chocolate pra me acalmar. Não tinha quase ninguém naquele dia, o som calmo que tocava no local dava uma sensação boa, torcia para que meu coração não resolvesse palpitar diante de algo tão romântico. Quando o som da sineta tocou mais uma vez não pude conter em erguer meus olhos e olhar quem adentrava ao local, acompanhei cada passo e sorriso dele, não entendia ao certo, mas me senti desconfortável, era alguém que eu conhecia e simplesmente hoje passava perto de mim e fingia que a minha existência não fazia importância alguma. Seu sorriso era cálido e acolhedor, a forma com que apertou seus dedos sobre o balcão me fez lembrar a forma com que me contraia ao seu corpo, aproximando-me e me fazendo deliciar aos poucos. A forma com que seus dedos passavam fio por fio de seus cabelos me fazia rir baixo, por que sempre estavam bagunçados, e lembro o quanto odiava isso, mas eu amava e não me importava se você ficasse de bico por eu ficar rindo a cada minuto que me lembrava da sua expressão séria, de mau gosto. 

Da sua mania de apostar tudo, incluindo o que a gente sentia um pelo outro, às vezes eu costumava ficar brava por ter deixado tudo isso acontecer, por ter te dado limites enquanto eu passava deles e não me preocupava com o mundo ao meu redor, por que eu sabia que hora ou outra isso iria passar, e realmente passou. O cheiro de cappuccino recendeu minhas narinas me fazendo aspirá-la e me sentir satisfeita rapidamente, o que me fez lembrar o seu perfume, quando me toquei lá estava o menino que eu continuava a amar, acomodado em uma cadeira, lendo seu precioso jornal em busca de notícias que o fizessem se lembrar do que acontecesse no dia a dia, sei que você não se importa, mas quando o assunto era História na escola, sua nota era 10. 

E a nossa história? As páginas assim como um livro velho foram desmanchando automaticamente, esquecidas num canto qualquer de uma prateleira, hora ou outra iriam passar e relembrar o que tínhamos, mas sabe..um cappuccino quente, um bom livro faz com que você sinta falta de tudo, tempo frio, chuva, sorrisos parecidos com aquele que você tentou e lutou pra esquecer durante anos, eles voltam aos poucos, e só hoje eu fui parar pra perceber..eu estou tentando esquecer você mas se tornou impossível..já que você a partir de agora já faz parte de mim, do meu livro.

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